Família e Vocação

Papel de Santa Mônica e discernimento vocacional de Santo Agostinho.

Por Joseph Mampia

No mês de agosto, a atenção de toda Igreja se volta ao tema vocação, ou às diferentes vocações. Mas, falando de vocações se refere ipso facto às pessoas humanas concretas, e às suas histórias. Sabendo que nenhum ser humano cai do céu ou nasce de árvore, mas surge de uma família, gostaríamos de refletir sobre o papel da mesma ou a responsabilidade dos pais na orientação vocacional dos filhos, tendo como protótipo Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, cuja festa é celebrada também no mês de agosto.

Mãe e filho santos

Santa Mônica nasceu no norte da África, em Tagaste, no ano 332, em uma família cristã que lhe entregou – segundo o costume da época e local – como esposa de um jovem chamado Patrício. Como cristã exemplar que era, Mônica preocupava-se com a conversão de sua família, por isso se consumiu na oração pelo esposo violento, rude, pagão e, principalmente, pelo filho mais velho, Agostinho, que vivia entregue aos vícios e pecados. A história nos testemunha as inúmeras preces, ultrajes e sofrimentos pelos quais Santa Mônica passou para ver a conversão e o batismo, tanto de seu esposo, quanto daquele que lhe mereceu o conselho: “Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”.

Passou a interceder, de forma especial, por Agostinho, dotado de muita inteligência e uma inquieta busca da verdade, o que fez com que resolvesse procurar as respostas e a felicidade fora da Igreja de Cristo. Por isso, envolveu-se em meias verdades e muitas mentiras. Contudo, a mãe, fervorosa e fiel, nunca deixou de interceder com amor e ardor, durante 33 anos; e, antes de morrer, em 387, ela mesma disse ao filho, já convertido e cristão: “Uma única coisa me fazia desejar viver ainda um pouco, ver-te cristão antes de morrer”. A conversão e a vocação do grande Santo têm muito a ver com a orientação, a vontade e a oração da mãe Mônica. Por isso, não é duvidoso o papel da família na emergência da vocação dos filhos.

Família, estufa das vocações

A família é a estufa de onde emergem todos os tipos de vocação nos seus estados iniciais. Deus chama as pessoas nos seus contextos históricos. Por isso, o perfil pessoal, isto é, a educação religiosa e civil e as influências do contexto são muito radicais. A família tem grande influência no surgimento vocacional. O modelo da educação que os pais dão aos filhos desde pequenos influencia muito no perfil e nas opções dos filhos no futuro. É responsabilidade dos pais acompanhar o discernimento vocacional dos filhos. A qualidade das vocações depende de certa maneira da catequese familiar. A equipe vocacional paroquial se inicia na família, igreja doméstica. Com a ajuda das famílias, nascerão bons pais, religiosos, catequistas, leigos consagrados e sacerdotes para a Igreja de Cristo. 

* Joseph Mampia, imc, é Animador Missionário Vocacional em São Paulo, SP.