Noviço da Consolata na Argentina, Abel da Silva Andrade dá seu testemunho.
Por Abel da Silva Andrade
Sou Abel da Silva Andrade, da família Consolata, cursando a etapa de formação do Noviciado na Argentina. Nasci em Monte Santo, Bahia. Sou o mais velho de três irmãos. E desde criança, sentia algo diferente, gostava muito de participar da comunidade, por mais que minha família não fosse muito presente na vida da Igreja, mas sempre participei sendo um membro ativo. E com o passar do tempo, não era suficiente só estar presente na vida da comunidade e da paróquia. Sentia que Deus queria algo mais, um algo que não sabia o que era. Com a ajuda dos missionários e das missionárias da Consolata, fui entendendo e discernindo o que Deus estava falando em meu coração.
Posso dizer que nesse processo de discernimento, algumas pessoas me ajudaram muito a descobrir os sinais que o Senhor colocava em minha vida. Mas, de modo muito especial, cito duas delas que com seus exemplos, como missionário e como missionária contribuíram muito para que eu pudesse dizer “sim” a uma primeira experiência nesse processo vocacional. Com um carinho muito especial cito a minha querida amiga, e como costumo chamar de minha “mãe espiritual”, irmã Aurora Cossu e padre James Mwaura Mbugua. Os dois foram pedras fundamentais que me ajudaram a discernir e descobrir o que o Senhor queria de mim. Depois de um tempo de acompanhamento, chegou a hora de dar um passo em frente nessa jornada de descobrimento dos desígnios de Deus em minha vida vocacional.
E em 2012 ingressei no seminário dos missionários da Consolata. Fiz a etapa de Propedêutico e Filosofia em Curitiba, estado do Paraná. E em janeiro de 2016 fui enviado à Argentina, para a etapa do Noviciado.
Chegando aqui me deparei com uma comunidade multicultural. De início éramos 12 membros, mas com o passar dos meses, dois de nossos irmãos, depois de discernir, chegaram à conclusão que necessitariam de um tempo a mais para pensar sobre o chamado de Deus. E ficamos somente em 10. Desses, somos oito noviços e dois padres. Uma comunidade formada por pessoas de diferentes culturas, idades e personalidades. Somos de cinco nacionalidades: Brasil, Argentina, Colômbia, México e Itália. Padre Jorge Pratolongo é o mestre de noviços e padre Mateo, companheiro de missão.
Sem dúvida, esses sete meses de Noviciado a cada dia vem sendo uma graça de Deus em minha vida, e na vida de meus irmãos de comunidade. Pois posso dizer que aqui encontrei um espaço de crescimento e conhecimento como pessoa e como religioso, missionário da Consolata, por meio da comunidade a qual fui chamado a viver e compartilhar minha vida. Na comunidade em que faço parte, cada um com sua singularidade, e com um mesmo sentido. Sentido de consagrar-se a missão como “missionários da Mãe”.
Para concluir, diria que estar na etapa de Noviciado é uma oportunidade, um presente de Deus. Onde podemos conhecer melhor a família missionária a qual queremos consagrar a vida e estar a serviço da missão. E não qualquer missão, ou seja, uma missão Ad Gentes, que implica disponibilidade e compromisso por um projeto que não é nosso, e sim do “Bom Pastor” que nos chama a levar a outros povos a consolação de Maria e a boa noticia de Deus Libertador. Onde somos chamados a viver por opção, e primeiro de tudo, com a certeza de que somos amados por Deus.
No livro Discípulos em Missão, o Bem-aventurado José Allamano nos diz: “Deus pensou em vós desde toda a eternidade. Não tínheis nenhum merecimento, entretanto ele vos amou” (p. 57). No entanto, podemos dizer que somos amados por Deus, e que consagrar-nos à missão é uma maneira de agradecer a Deus que tanto nos amou e nos ama. Mas que não devemos fazer esse gesto como uma obrigação, pois a consagração é uma entrega total de corpo e alma, e uma entrega por toda a vida.
Termino pedindo à Maria, com o título de Consolata, que venha em nosso auxílio, e que nos conceda as forças necessárias para levar adiante esse projeto, que somos chamados a viver e colocar nossas vidas a serviço do Reino.