Suas Palavras Me Tocaram

Terminando o encontro que havíamos tido, um dos jovens do grupo, aproximando-se, perguntou-me: "Diga-me, padre, qual é o segredo da felicidade?"

Por Célio Pedro Saldanha Dormelles.

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Explique-lhe que ser feliz é uma questão de realização pessoal e que tudo isso depende de como cada um de nós vive, acerta a sua vocação.

Ele,  continuando, disse-me numa espécie de desabafo: "É que,  padre eu queria tanto...eu queria ser feliz!"

E você não o é ?- indaguei.

Sou e não sou. É que estou sentindo falta de alguma coisa mais profunda, mais secreta e interior, mais minha. Essa palestra que você nos fez sobre vocação e a realização e a realização deixou-me inquieto e pensativo. Você nos disse que a pessoa só é feliz, quando realiza a sua e única vocação, e que a vocação, por sua vez realiza a pessoa. Achei muito importantes essas palavras. Elas me tocaram. E comecei a pensar bastante no que até agora tenho feito de valor e de sério, nos meus 16 anos. Realmente sou feliz, ou sou como a grande maioria dos jovens, meus amigos e outros que não conheço, mas sei que  são iguais a todos os outros jovens. Deixam o tempo passar por eles, sem nenhum sentido mais espiritual, sem nenhum ato mais íntimo de realização, na doação dos irmãos.

Você nos falou ainda que vocação é a "voz de DEUS", chamado, interpelação de Deus a cada um de nós. pensei que se o Pai me chama, devo responder-lhe, e que de minha resposta pessoal, dependerá, em grande parte, a minha realização. Se eu viver a vocação, ela, por sua vez me dará a vida. Mas o que mais me chamou atenção, padre, foi aquela frase: ' Assim, aquele que ama a todos os homens, por meio de Deus ama infinitamente mais a cada um deles, do que aquele que ama a um só e estende a ele o campo egoísta de sua pessoa".

Dentro da palestra sobre Vocação e Realização você atirou sobre toda a turma, sobre mim e meus amigos, o desafio da vocação sacerdotal. E comecei a acreditar antes nunca pensara na excelência da vocação sacerdotal sobre as demais profissões.

Ai está outro ponto que todo o grupo achou bom ter abordado: a diferença entre a vocação e a profissão. Aquela realiza espiritualmente; essa profissionalmente. Naquela, visa-se o crescimento espiritual; nessa geralmente visa o lucro, o dinheiro, lado financeiro. A vocação sacerdotal olha o desabrochar das qualidades humanas, elevadas ao plano divino. A vocação sacerdotal é um chamado á realização sobrenatural, sobre o natural, um despojar-se, um esvaziar-se de tantas coisas boas, também, para enriquecer-se de outras melhores ainda  e de mais valor. Nesse sentido, você disse ao grupo que, quando falamos de vocação, sempre nos referimos é vocação sacerdotal ou religiosa, a"voz de Deus" que sussurra aos ouvidos e corações humanos, convidando-nos á colaboração com o Pai, na ajuda aos irmãos mais necessitados.

Valeu a sua conversa, padre. Não só a mim, mas a muitos dos jovens de nosso grupo ela trouxe um real proveito. Não quero dizer com isso que vamos já para o seminário, ou que vamos nos tornar sacerdotes. Uma coisa é certa: vamos refletir, pensar. E com isso já é um grande passo dado. Não é mesmo, padre? Pois pode bem acontecer que o Pai nos esteja chamando, e mais ainda que estejamos um tanto surdos à sua voz!...

Essa foi a conversa que tive com um jovem do nosso grupo, depois de terminada a palestra que eu havia feito para o dia do encontro sobre a Vocação e a Realização do Jovem.Ficamos conversando por um bom bem unas três horas, depois que a turma havia se mandado para a suas casas. Foi quando o relógio da igreja badalou meia noite e meia. Daquela nossa conversa em quase somente o jovem falou escrevi alguma coisa. É isso que agora você está lendo. Pode ser que o senhor queira falar com você também,  meu amigo. Escute a voz de Deus. As grandes ideias nasceram na juventude.

(CC BY 3.0 BR)