Senti teu chamado

Vocação é chamado do Senhor. Chamado para estar com Ele e anunciar o seu Reino.

Por Renata Smaniotto

Vocação é chamado do Senhor. Chamado para estar com Ele e anunciar o seu Reino.

Vocação é algo que nasce no profundo do ser. É nesta interioridade que se percebe para onde o Senhor nos propõe seguir. É algo que se experimenta, não se explica. Para experimentar é preciso ficar atenta, prestar “ouvidos” ao que palpita no interior. “Quando Deus fala, e a pessoa se cala, é grande o que pode acontecer!”

IMG-20180306-WA0021Cresci numa família onde, na simplicidade, vivíamos um ambiente de fé e oração. Eu era ainda criança e, como de costume, participávamos naquele dia da comunidade que se reunia para rezar o terço quando a senhora Doroteia Farina, membro da mesma comunidade, via as aparições de Nossa Senhora da Santa Cruz. Ainda hoje muita gente frequenta este lugar (Lageado Paca, interior do Município de Erechim, RS) para rezar e especialmente para participar da grande celebração Eucarística todo dia 14 de setembro. Nesta ocasião estavam presente algumas Irmãs Religiosas e eu só olhei para elas. Ao voltar para casa, era ao entardecer, a luz do sol se despedia no topo dos morros. Olhando contemplativa, aquele horizonte na imensa vastidão, senti dentro de mim algo que me marcou para sempre: “Quero também eu ser uma Irmã Religiosa”. Guardei para mim aquele sentir. Os meses e anos foram se passando, mas aquele “sentir” não mudava. Numa ocasião, e eu era adolescente, as Irmãs Missionárias da Consolata vieram visitar minha prima, que já estudava com elas para ser Irmã, e se achava de férias. Esta ocasião foi o momento decisivo. Falei para minha mãe e fui ao encontro do meu pai que regressava do seu trabalho na lavoura e eu lhe disse o que “sentia”. Ele somente me olhou com carinho e exclamou: “Minha filha... minha filha!...” Senti nessas palavras o acolher do que eu apenas expressara. Passamos depois a dialogar mais abertamente e, com o apoio de meus pais, entrei para a comunidade das Irmãs Missionárias da Consolata em Paulo Bento, RS.

A saída de casa foi tecida de lágrimas especialmente da minha mãe. Eu era a mais velha da família; ela não estava bem de saúde e havia meus irmãos menores a serem cuidados. Não sei explicar onde fui buscar força e coragem para este primeiro e decisivo passo. Só sei dizer que dentro de mim algo me impelia para seguir Jesus que disse: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim”. (Mt 28 20) Ele é aquele que chama, que sustenta, que dá sentido, que atrai, que envolve, que envia!

DSC04967Segui todo o período de estudo e formação, não sem lutas interiores e dúvidas, mas sempre sentindo uma força-certeza no meu interior que me envolvia e me impelia a seguir para ser Religiosa Missionária da Consolata.  A congregação tem o Carisma da Evangelização dos povos, principalmente, dos não cristãos. Chamadas a consolar com a consolação que vem de Jesus o primeiro Missionário.

Ser Missionária é anunciar Jesus sempre e em todo lugar. E foi para a Colômbia que eu parti como missionária além fronteiras. Na audácia desta missão era entre a juventude do lugar mais quente da Colômbia, às margens do Rio Madalena, que nos primeiros três anos eu vivi e anunciei. Fui depois destinada para o Caquetá, Amazonas colombiano, para viver minha missão e de lá partíamos, andando 20 horas a cavalo, para chegar e estar com as comunidades perdidas da cordilheira. Ali aonde a vida era ameaçada pela violência da guerrilha, éramos presença da consolação e esperança. Hoje, aqui e agora, vivo minha missão no serviço que me foi confiado na Casa Regional MC.

Este ano, celebro 50 anos de Vida Religiosa-Missionária e sou feliz como sempre!

Jovem: preste atenção e ouça Jesus lhe falar, deixe-se envolver pelo seu chamado. Tenha a coragem e a audácia de se decidir. Não deixe para depois. Acredite que será feliz.

Renata Smaniotto é Missionária da Consolata em SP