Jovem no mundo virtual: desafio para a nova era

PODCAST:

Vivemos num tempo em que tudo é possível, tudo se sabe, tudo na hora certa e do jeito que queremos.

Por Josky Menga *

Vivemos num mundo hoje onde tudo é muito rápido, os jovens convivem com o real de maneira virtual, vivem um mundo virtual de maneira real. Reconhece-se que, na formação humana, há falhas graves na construção cidadã, na evolução de cada pessoa e em todas as dimensões da vida (social, intelectual, humana e espiritual) por inúmeros motivos, a começar pela diversidade de informações que geram inúmeros conceitos sobre tudo, e tudo isso não apenas está à disposição de todos, mas é também despejado ao acesso da juventude, muitas vezes sem orientação, sem formação e sem ajuda ou encaminhamentos adequados.

Porém, o acesso às informações não possui mais valor de mercado. Com apenas um click, qualquer cidadão encontra o que quer e de forma rápida, é um mundo veloz, carregado de novas tecnologias. O mundo se tornou pequeno, tudo está perto de nós. Entretanto, a grande pergunta é: o que fazer com essa enxurrada de informações? Como organizá-las, classificá-las, distribuí-las, respeitando o cidadão jovem em sua formação e desenvolvimento pessoal e profissional? Tem-se percebido que, por não saber gerenciá-las, os jovens terminam em situações imediatistas, fruto do legado que está sendo deixado talvez de maneira errada: a permissividade. Vivemos num tempo em que tudo é possível, tudo se sabe, tudo na hora certa e do jeito que queremos. Porém, muitos, sem orientações ou sem atenção e sem cuidado não têm tido limites e, em nome da curiosidade e ansiedade pela vida adulta e independente, têm-se jogado às aventuras e riscos, com amizades não confiáveis, namoros e vida sexual precoce e sem cuidados, utilização de drogas lícitas e ilícitas desregradas, irresponsabilidade familiar, doenças e outras situações inusitadas, numa vida sem sonho, sem expectativas, sem planejamento. Viver no presente sem futuro garantido, por causa de tudo que o mundo apresenta. Porém, as consequências são graves, gravidez na adolescência, ausência de instrução, dependência das bebidas e drogas etc.

É possível notar o abismo que existe entre o que os adultos passaram enquanto jovem e o que nossos jovens vivem em suas experiências hoje no mundo. Um exemplo disso está na tecnologia.

Como sabemos, tudo tem suas vantagens e desvantagens, um lado bom da tecnologia hoje são esses meios que estão nos ajudando muito, sobretudo, neste tempo da pandemia para nos aproximar do outro pela vídeochamada. As aulas tinham que ser pelas redes socias quase no mundo inteiro, os professores tinham que ter se inventado e reinventado para poder sobressair nessa situação. Realmente foi e está sendo muito desafiante, sobretudo, para os mais velhos que têm que aprender muito: errando e se corrigindo.

Mudanças da tecnologia na vida social

As novas tecnologias nos trouxeram muita mudança social. Aliás, inserir em sala de aula práticas pedagógicas diárias com uso de tecnologias é, hoje, uma utopia, se olharmos para o sucateamento dos equipamentos oferecidos pelo governo. E não basta somente a aquisição dos equipamentos e materiais; há um conjunto de fatores materiais e humanos que contribui para o desenvolvimento de um bom trabalho.

Os tempos são outros. As exigências da vida também. O dia a dia familiar e escolar também. Portanto, mais que necessário, é urgente que a escola, em parceria com as famílias e o governo, busque conhecer seu papel, para contribuir na construção e descoberta da identidade do jovem de hoje. Assim, permeando seus projetos, talvez possamos indicar caminhos para que a juventude não apenas passe pela vida como tem feito, mas tenha condições de conhecer a realidade em que está inserida, vivencie seus desejos com responsabilidade, conquiste seus objetivos promovendo mudanças saudáveis para si e para a sociedade, com comportamentos e ações que sejam reflexos de virtudes assimiladas no seu cotidiano e também na escola ou faculdade. Por esse motivo, a família e a escola têm um papel muito importante nesse processo de adaptação e de crescimento, auxiliando-os a traçar projetos para a vida profissional, vida social e vida familiar. Os dois aspectos devem existir sempre em diálogo permanente. Desta forma, poderão enfrentar os desafios que a vida moderna oferece, realizando seus sonhos e dando continuidade à sociedade numa gestão cidadã responsável e de qualidade humana. A responsabilidade deve ser compartilhada e de forma que a Igreja também entre nesse processo para ajudar no crescimento do jovem e sua integração na sociedade, pois, os desafios para a nova era são maiores, sobretudo no mundo juvenil.

* Josky Menga, imc, é animador vocacional na Bahia.