VOCAÇÃO É VIDA

Testemunho vocacional de irmã Deliangela

Por Deliangela Fronza

IR. DELIÂNGELA - FOTOS 10002Desde cedo na adolescência, senti um forte apelo para trabalhar com crianças pobres e necessitadas. Queria que todas tivessem um lar e se sentissem amadas e tivessem as mesmas oportunidades na vida: família, escola, lazer e, sobretudo que participassem da Igreja e amassem Jesus.

Vejam o meu problema: com a mesma intensidade que sentia o chamado de Jesus, sentia também a responsabilidade para cuidar dos meus pais enquanto vivessem. Esse era o maior desejo de minha alma.

Minha mãe, porém sabendo da minha vocação e ao mesmo tempo do meu problema cheia de fé e confiança me disse: “Filha se esta é a sua vocação, eu não seria feliz se você não seguisse por causa de nós; vai filha, Deus providenciará para nosso futuro. Quem sabe se você esperar, depois será tarde demais, pois os anos passam depressa. Pense bem e decida”.

Um domingo,  participando da Missa, escutei o Evangelho de Mt 10,37 que dizia: “Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim não é digno de mim”. Este versículo do Evangelho deu-me força suficiente para me decidir e seguir o chamado sem medo, nem dúvida; tinha então 21 anos de idade.

thumbnail_IR. DELIÂNGELA - FOTOS 10001Entrei no Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata e transcorrido o período de “formação” tornei-me membro da família Consolata e sentia que este era o meu lugar.

Trabalhei no Brasil por um tempo, mas como nossa Congregação é para o Ad Gentes, especialmente para os não-cristãos, aguardava com ansiedade o momento de partir para outros países e continentes. Fui enviada à Líbia, África para trabalhar com crianças pobres e com necessidades especiais. O Papa Paulo VI havia pedido às Congregações Religiosas esse serviço e nosso Instituto aceitou mais esse desafio. Um trabalho difícil e delicado, especialmente pela dificuldade da língua e cultura, entre outras. Foi aí que fiz a maior descoberta, que a primeira linguagem a ser falada é a linguagem do AMOR. Confesso que apesar das muitas dificuldades, vivi ali na Líbia, anos felizes, na doação total de mim mesma, a Deus e às crianças com necessidades especiais. Ali, fiz também, uma rica experiência de Deus e sentia sua presença que me conduzia, guiava, animava e sustentava. Senti a força operante da oração de tantas pessoas que rezavam por mim.

Sou muito grata a todas as pessoas que rezam pelos Missionários em terras distantes, pois assim são partícipes da mesma missão da Igreja de Jesus, apoiando missionários na linha de frente, isto é, no trabalho direto de Evangelização além-fronteiras.

Agradeço ainda a todos que acompanharam minha caminhada vocacional-missionária com o apoio da oração e amizade fraterna. Hoje tenho 86 anos e continuo firme no meu “SIM”; mesmo que as marcas do tempo sejam visíveis em mim, no meu coração sinto a mesma alegria e entusiasmo dos inícios.

Deliangela Fronza é Missionária da Consolata, SP